segunda-feira, 14 de junho de 2010

uma questão da cultura e do relativismo

É interessante como alguns dos defensores da cultura como constituinte e de um inevitável processo de relativização de alguns aspectos metem os pés pelas mãos, muitas vezes.
Por exemplo: quando vão falar do que seja o "normal", o "desenvolvimento", o "certo e o errado" questionam se o que é certo para um brasileira seria o certo para uma tribo aborígene da Austrália. Convenhamos, ao menos na atividade prática, pouco importa. Sim, pois se a referência é essa, basta situar um estudo ou prática profissional dentro de um país ou outro que estaria tudo resolvido. O argumento do aborígene do outro lado do mundo não é válido, nesses níveis.A questão é entre eu e meu vizinho (tudo bem, a separação social é também geográfica, então o vizinho de verdade deve estar um pouco longe).
O verdadeiro X da questão não se trata de algo distante, mas a diferentes formas de inserção numa sociedade que permitem diferentes acessos à práticas culturais, não esquecendo que estas podem ser hegemônicas ou não.
Pouco me interessa o padrão do aborígene da Austrália. Até porque supõe uma cultura nacional homogênea, caindo num entendimento de cultura exterior ao homem e acessória. Como se houvesse uma Cultura Brasileira e uma Cultura Aborígene.
Mas ai ouve-se: num mesmo país coexistem diferentes culturas. Óbviamente (nada é óbvio, mas vamos fingir que sim). Porém, quando vamos indo cada vez mais atrás, paramos num indivíduo e num solipsismo ético e de qualquer outra prática.Porém qual a chave para não cair no "cada cabeça um senhor"?

Ai eu parto, chego, volto e rodopio em Vigotski e afirmo que a cultura somente é constituinte pois é simbólica, pois está nos signos. E de outro lado, somente desenvolvemos nosso psiquismo na medida em que nos apropriamos de tais signos. signo une o indivíduo e a sociedade na dimensão da cultura, em que os dois se negam dialeticamente. Um signo nunca é lá, nem cá. A cultura nunca perde sua dimensão coletiva, "universal" (da dialética particular,universal,singular). A cultura jamais pode ser reduzida ou pressuposta. Se solidifica nos signos.

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