domingo, 5 de junho de 2011
segunda-feira, 14 de junho de 2010
uma questão da cultura e do relativismo
É interessante como alguns dos defensores da cultura como constituinte e de um inevitável processo de relativização de alguns aspectos metem os pés pelas mãos, muitas vezes.
Por exemplo: quando vão falar do que seja o "normal", o "desenvolvimento", o "certo e o errado" questionam se o que é certo para um brasileira seria o certo para uma tribo aborígene da Austrália. Convenhamos, ao menos na atividade prática, pouco importa. Sim, pois se a referência é essa, basta situar um estudo ou prática profissional dentro de um país ou outro que estaria tudo resolvido. O argumento do aborígene do outro lado do mundo não é válido, nesses níveis.A questão é entre eu e meu vizinho (tudo bem, a separação social é também geográfica, então o vizinho de verdade deve estar um pouco longe).
O verdadeiro X da questão não se trata de algo distante, mas a diferentes formas de inserção numa sociedade que permitem diferentes acessos à práticas culturais, não esquecendo que estas podem ser hegemônicas ou não.
Pouco me interessa o padrão do aborígene da Austrália. Até porque supõe uma cultura nacional homogênea, caindo num entendimento de cultura exterior ao homem e acessória. Como se houvesse uma Cultura Brasileira e uma Cultura Aborígene.
Mas ai ouve-se: num mesmo país coexistem diferentes culturas. Óbviamente (nada é óbvio, mas vamos fingir que sim). Porém, quando vamos indo cada vez mais atrás, paramos num indivíduo e num solipsismo ético e de qualquer outra prática.Porém qual a chave para não cair no "cada cabeça um senhor"?
Ai eu parto, chego, volto e rodopio em Vigotski e afirmo que a cultura somente é constituinte pois é simbólica, pois está nos signos. E de outro lado, somente desenvolvemos nosso psiquismo na medida em que nos apropriamos de tais signos. signo une o indivíduo e a sociedade na dimensão da cultura, em que os dois se negam dialeticamente. Um signo nunca é lá, nem cá. A cultura nunca perde sua dimensão coletiva, "universal" (da dialética particular,universal,singular). A cultura jamais pode ser reduzida ou pressuposta. Se solidifica nos signos.
Por exemplo: quando vão falar do que seja o "normal", o "desenvolvimento", o "certo e o errado" questionam se o que é certo para um brasileira seria o certo para uma tribo aborígene da Austrália. Convenhamos, ao menos na atividade prática, pouco importa. Sim, pois se a referência é essa, basta situar um estudo ou prática profissional dentro de um país ou outro que estaria tudo resolvido. O argumento do aborígene do outro lado do mundo não é válido, nesses níveis.A questão é entre eu e meu vizinho (tudo bem, a separação social é também geográfica, então o vizinho de verdade deve estar um pouco longe).
O verdadeiro X da questão não se trata de algo distante, mas a diferentes formas de inserção numa sociedade que permitem diferentes acessos à práticas culturais, não esquecendo que estas podem ser hegemônicas ou não.
Pouco me interessa o padrão do aborígene da Austrália. Até porque supõe uma cultura nacional homogênea, caindo num entendimento de cultura exterior ao homem e acessória. Como se houvesse uma Cultura Brasileira e uma Cultura Aborígene.
Mas ai ouve-se: num mesmo país coexistem diferentes culturas. Óbviamente (nada é óbvio, mas vamos fingir que sim). Porém, quando vamos indo cada vez mais atrás, paramos num indivíduo e num solipsismo ético e de qualquer outra prática.Porém qual a chave para não cair no "cada cabeça um senhor"?
Ai eu parto, chego, volto e rodopio em Vigotski e afirmo que a cultura somente é constituinte pois é simbólica, pois está nos signos. E de outro lado, somente desenvolvemos nosso psiquismo na medida em que nos apropriamos de tais signos. signo une o indivíduo e a sociedade na dimensão da cultura, em que os dois se negam dialeticamente. Um signo nunca é lá, nem cá. A cultura nunca perde sua dimensão coletiva, "universal" (da dialética particular,universal,singular). A cultura jamais pode ser reduzida ou pressuposta. Se solidifica nos signos.
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terça-feira, 8 de junho de 2010
entender e mudar o mundo: não necessariamente nessa ordem
Do verbete sobre Agnes Heller na wikipédia:
"About the influence of the Holocaust on her work, Heller said in her interview with Csaba Polony, editor of the Left Curve Journal, that “I was always interested in the question: How could this possibly happen? How can I understand this? And this experience of the holocaust was joined with my experience in the totalitarian regime. This brought up very similar questions in my soul-search and world investigation: how could this happen? How could people do things like this? So I had to find out what morality is all about, what is the nature of good and evil, what can I do about crime, what can I figure out about the sources of morality and evil? That was the first inquiry. The other inquiry was a social question: what kind of world can produce this? What kind of world allows such things to happen? What is modernity all about? Can we expect redemption?"
Apesar de já ter visto vários outros autores (milhares, milhares) das Ciências Sociais falando da Guerra, do Nazismo e do Totalitarismo como fontes da inquietação que os levou a fazer sociologia (e também psicologia) há pouco tempo isso teve um impacto grande em mim. E foi do nada, mas simplesmente pegou. E hoje ainda é uma pergunta que deve ser respondida: Como isto pode acontecer?
Enquanto não soubermos responder, estamos a mercê de que ocorra sempre e de novo. Ou melhor, muito melhor e mais condizente com uma série de autores de sociologias e psicologias críticas, não basta que respondamos a esta questão. Existe uma urgência prática. Precisamos não apenas dizer "que tipo de mundo pode produzir isto", como a indagação de Heller, mas mudarmos este mundo mesmo antes de poder responder à pergunta-chave. Se não nos debruçarmos sobre este mundo e sua mudança estaremos esperando novos Hitleres. Só que, como tudo, o retorno é sempre de formas muito mais sofisticadas. Quem saberá?
"About the influence of the Holocaust on her work, Heller said in her interview with Csaba Polony, editor of the Left Curve Journal, that “I was always interested in the question: How could this possibly happen? How can I understand this? And this experience of the holocaust was joined with my experience in the totalitarian regime. This brought up very similar questions in my soul-search and world investigation: how could this happen? How could people do things like this? So I had to find out what morality is all about, what is the nature of good and evil, what can I do about crime, what can I figure out about the sources of morality and evil? That was the first inquiry. The other inquiry was a social question: what kind of world can produce this? What kind of world allows such things to happen? What is modernity all about? Can we expect redemption?"
Apesar de já ter visto vários outros autores (milhares, milhares) das Ciências Sociais falando da Guerra, do Nazismo e do Totalitarismo como fontes da inquietação que os levou a fazer sociologia (e também psicologia) há pouco tempo isso teve um impacto grande em mim. E foi do nada, mas simplesmente pegou. E hoje ainda é uma pergunta que deve ser respondida: Como isto pode acontecer?
Enquanto não soubermos responder, estamos a mercê de que ocorra sempre e de novo. Ou melhor, muito melhor e mais condizente com uma série de autores de sociologias e psicologias críticas, não basta que respondamos a esta questão. Existe uma urgência prática. Precisamos não apenas dizer "que tipo de mundo pode produzir isto", como a indagação de Heller, mas mudarmos este mundo mesmo antes de poder responder à pergunta-chave. Se não nos debruçarmos sobre este mundo e sua mudança estaremos esperando novos Hitleres. Só que, como tudo, o retorno é sempre de formas muito mais sofisticadas. Quem saberá?
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